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Artigo, Grupo de Estudo de Língua Portuguesa - Primavera do Leste, 2011

O CAMINHO PARA REPENSAR O ENSINO DA LEITURA E ESCRITA NA DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA E ÁREAS AFINS




O uso da Língua Portuguesa na escola e no dia a dia é dinâmico e requer estudos para aprimorar sua utilização oral e a aprendizagem efetiva da leitura e da escrita. Pode-se observar que a linguagem é uma atividade humana, histórica e social.

Com o advento da tecnologia e a falta de tempo para ler, percebeu-se a necessidade de nós professores de Língua Portuguesa repensar nossas práticas pedagógicas e aprimorar o ensino da gramática e produção textual, como afirma Geraldi: “O ensino da língua materna trabalha com as atividades do ouvir, falar, ler e escrever e que nas condições sociais brasileiras, as duas últimas necessariamente ocorrem na escola e a partir dela vai se tornando uma prática social mais ampla, a leitura e a escrita tornam-se mais relevantes”.

Neste intuito, iniciamos o Grupo de Estudo de Língua Portuguesa neste ano de 2011, com o objetivo de reunir os professores desta disciplina, a princípio da rede estadual com a coordenação da professora formadora Márcia Roza Lorenzzon – Cefapro, Polo de Primavera, para estudar, refletir sobre as dificuldades na interpretação, compreensão e produção textual por parte dos alunos.

Diante de nossas necessidades e para que os estudos se concretizassem, utilizamos as Orientações Curriculares de Mato Grosso de 2010 e alguns teóricos relatados ainda neste artigo, que contribuíram para o enriquecimento intelectual e dialógico de nós professores.

Nos momentos de estudo enfatizamos que o ensino da Língua Portuguesa deve ser interativo, contextualizado, analisado e sistematizado, atendendo assim as Orientações Curriculares “As práticas de linguagem que ocorrem no espaço escolar diferem das demais porque devem, necessariamente, tomar a linguagem como objeto de reflexão, de maneira explícita e organizada, de modo a construir, progressivamente, categorias explicativas de seu funcionamento que permitirão aos estudantes o desenvolvimento da competência discursiva para falar, escutar, ler e escrever nas diversas situações de interação”.

Através de um planejamento prévio, priorizamos alguns objetivos específicos de reorientar o ensino de Língua Portuguesa para o uso da língua em situações de efetiva interação verbal, adequar a prática pedagógica às necessidades dos alunos, priorizando suas dificuldades, explorar conteúdos gramaticais em função do uso da língua padrão, ler e discutir documentos oficiais voltados à reestruturação curricular do ensino de Língua Portuguesa.

Pensar em linguagem é transportá-la ao discurso dialógico e interativo, oportunizar momentos em que os alunos possam interagir com o texto e dialogar com o mesmo. Esta prática de leitura pode ser desenvolvida em colaboração com outras áreas, transportando o conteúdo para leitura e produção de gêneros textuais.

Mikhail Bakhtin (1895-1975) apresentou uma nova concepção de linguagem, a enunciativo-discursiva, que considera o discurso uma prática social e uma forma de interação - tese que vigora até hoje e tem como peças-chave: a relação interpessoal, o contexto de produção dos textos, as diferentes situações de comunicação, os gêneros, a interpretação e a intenção de quem o produz.

O ensino da língua portuguesa pode levar o aluno a se apropriar da norma culta e criar condições para que ele construa um discurso próprio, em que expresse suas ideias, defendendo pontos de vista, reconhecendo na fala do outro as suas intenções e objetivos. Essa concepção implica numa determinada opção metodológica e na criação de estratégias que auxiliem o aluno a apropriar-se da língua enquanto forma de expressar-se e interagir com outros sujeitos.

Segundo os PCNs, o domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha e constrói visão de mundo, produz conhecimento. Dessa forma é que a escola tem a função e a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania.

Nós professores não possuimos uma fórmula ideal que nos ajude a modificar este sistema que não forma leitores para uma vida fora das escolas, por isso o papel da família é essencial para o incentivo à leitura e o aprimoramento intelectual. Precisamos entender que "o respeito pelos passos e pela caminhada da educação enquanto leitor é essencial". (Geraldi, 2005, p.98).

Neste cenário atual, é preciso que haja um consenso entre docente e educando sobre os temas, autores ou livros a serem selecionados para a leitura. Somente com a participação do educando neste processo de seleção é que se terá um resultado satisfatório na prática de incentivo ao hábito da leitura para a formação de leitores. Podemos transportar para esta prática sem tantas obrigações, mas deixar o educando ler por gosto, curiosidade e até mesmo pelo título que o atrai.

Temos disponível na internet softwares que trazem resumos, sinopses de livros literários, que podem ser inseridos na sala de aula como suporte de leitura, não substituindo o livro, mas como possibilidade de leitura alternativa. A saída prática do docente, "é deixar o educando ler livremente, por indicação de colegas, pela curiosidade, pelo título, etc." (Geraldi, 2005, p.98).

Portanto, com as trocas de experiências e reflexões linguísticas, aprimoramos nossa prática pedagógica, proporcionando aos alunos um aprendizado contextualizado do ensino da Linguagem e, diante das respostas positivas dos alunos, pretendemos continuar o Grupo de Estudo de Língua Portuguesa no ano de 2012 e convidamos você professor da área de Linguagem para somar conosco com suas experiências e conhecimentos linguísticos.



Ana Dirce Ferreira Costa Souza

Magda de Castro Pereira

Márcia Roza Lorenzzon

Neuza

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