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Conpeduc - 2012

Participação com relato de experiência no Congresso  de Pesquisa em Educação - 2012 " Educação e Cidadania ", do Grupo de Estudo de Língua Portuguesa na Perspectiva de Formação Continuada.


 
GRUPO DE ESTUDO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO CONTINUADA


Márcia Roza Lorenzzon[1]

Cefapro/Pva[2]

GT 01

 

 

Resumo: O presente trabalho objetiva apresentar o Grupo de Estudo de Língua Portuguesa que iniciamos com  professores de Língua Portuguesa da rede estadual de ensino, oferecido pelo Cefapro de  Primavera do Leste. O Grupo de Estudo teve início no ano de 2011com intuito de colaborar para a formação continuada dos professores,  oferecendo  leituras e estudos das Orientações Curriculares de Mato Grosso de 2010 da área das linguagens  e de  textos com abordagens  sobre as linguagens.  Neste artigo, pretendemos analisar a contribuição que os estudos proporcionaram para a formação continuada dos professores participantes e colaborar para fomentar as discussões sobre as práticas pedagógicas no ensino da leitura, escrita e produção de texto. Além de observar o diálogo, podemos apresentar as experiências relatadas pelas professoras durante os encontros, que foram relevantes para o aprimoramento do ensino de Língua Portuguesa, considerando os saberes culturais e sociais dos alunos. O Grupo de Estudo reuniu-se  uma vez ao mês e obtevemos  um resultado positivo apresentado através do artigo escrito pelos componentes do grupo e publicado no jornal local, fruto dos estudos que realizamos no de 2011, na perspectiva de melhorar o ensino da Língua Materna e repensarmos  as metodologias aplicadas nas salas de aula. O grupo se fortaleceu a cada encontro e discussões surgidas, proporcionando a continuidade destes para o ano de 2012, na qual oportunizou a participação de professores da rede municipal de ensino, reivindicação de muitos profissionais da área de linguagem, com o desejo de interagir com o  grupo e vivenciar as experiências do dia a dia em sala de aula. Os estudos apresentados enfatizam sobre um ensino da Língua Portuguesa de forma  interativa, contextualizada, analisada e sistematizada, atendendo as Orientações Curriculares. Assim, a formação continuada através do grupo de estudo fortaleceu  nossas práticas como professores formadores e   professores  na sua prática cotidiana nas salas de aula,  colaborando para interagir com outros profissionais da área, oportunizando o contato com  novos saberes através da leitura e trocas de experiência.

 

Palavras-chave: formação continuada; grupo de estudo; Orientações Curriculares de Mato grosso.

 
Introdução

É recorrente a procura de formação continuada pelos professores de Língua Portuguesa das escolas estaduais de Primavera do Leste, com o intuito de buscar  estratégias para o ensino das linguagens na perspectiva de uma metodologia contextualizada. O uso da linguagem na escola e no dia a dia é dinâmico e requer estudos para aprimorar sua utilização oral e a aprendizagem efetiva da leitura e da escrita. Pode-se observar que a linguagem é uma atividade humana, histórica, social e de acordo com as Orientações Curriculares da area de Linguagem de Mato grosso, o ser humano define-se na e pela linguagem, desvela-se, modifica sua realidade e cria novos sentidos ou ressignifica suas práticas ao longo de sua história.

Neste sentido  buscamos junto ao Cefapro e Seduc,  a formação do Grupo de Estudo de Língua Portuguesa,  que poderia  colaborar para o aprimoramento das práticas pedagógicas dos professores, uma formação continuada que viesse ao encontro das indagações de cada um, para juntos socializarmos as experiências positivas e  as dificuldades em trabalhar com a gramática, produção de texto e interpretação, reconhecendo que a linguagem perpassa também por outras areas do conhecimento.

Geraldi ( 2010), retrata bem sobre a escola existente, aquela que conhecemos hoje: lugar em que se ensina, lugar que se aprende. Como ensinar e aprender demandam objectos, e estes são conhecimentos.

Os saberes são diferentes e os alunos aprendem o que gostam, então estes objetos de conhecimento podem estar ancorados a realidade de cada sala de aula, buscando sempre abranger a todos, de forma a proporcionar um ambiente de interação. A linguagem se estabelece a cada comunicação e  para proporcionar o gosto pela mesma, há  de se pensar uma exigência  de elaboração de um planejamento que contextualize conteúdos com a prática de leitura e produção de texto.  

Metodologia 

Acredita-se que  através de estudos, leituras e trocas de experiência, pode repensar e aprimorar o ensino da língua materna no interior das escolas, propusemos coordenar estes estudos,  com  eixos teóricos de linguagem,  através de leitura que permitiram  os estudos em Bakhtin, Geraldi e as  Orientações Curriculares de Mato Grosso e neste sentido,  realizamos  estes estudos no ano de 2011, com um público ainda pequeno, mas  com o resultado positivo, proporcionando  uma participação maior de professores  no ano de 2012, motivo que nos fez  reafirmar os estudos em teóricos que trazem  um novo olhar para nossas práticas e oportunizar uma interlocução, professor e  aluno.
Neste grupo de estudo os professores puderam  compartilhar as experiências que vivenciaram  em sala de aula, projetos de leitura e produção de gêneros textuais, tornando-se  positivos os relatos das práticas trabalhadas com a disciplina de Língua Portuguesa, pois as mesmas proporcionaram um novo aprendizado, buscou-se aprimorar principalmente os trabalhos com a gramática contextualizada, através de pesquisas , escrita e oralidade.
Bagno (2000 p. 87) opina que: "A gramática deve conter uma boa quantidade de atividades de pesquisa, que possibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento lingüístico, como uma arma eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica da doutrina gramatical normativa".
Oportunizamos  o diálogo e  a socialização das atividades que os professores realizaram  nas escolas, para obtermos  um diagnóstico sobre o papel do professor de Língua Portuguesa e a aprendizagem dos alunos. Diante das necessidades  e para que os estudos se concretizassem, reunimos uma vez ao mês e utilizamos a  metodologia dialógica e reflexiva,  para enriquecer o conhecimento do ensino da Linguagem no Ensino Fundamental, Ensino Médio e Eja.
Os  projetos socializados pelas professoras são frutos de um trabalho realizado efetivamente com os alunos. As  experiências relatadas da Escola Estadual Paulo Freire e da Escola Estadual Getúlio Vargas - Ceja foram relevantes para fomentar as discussões e a relfexões dos trabalhos   com alunos, através de oficinas e  seminários. A vivência das professoras foram  subsídios  para repensarmos os trabalhos com as Orientações Curriculares, que apresenta o  trabalho com as linguagens de forma  integradora e  a partir das necessidades de aprendizagens do estudante, possibilitando desenvolver o pensamento, transformar atitudes e construir conhecimentos, os quais são mediados pela diversidade de representações das diferentes linguagens.  

Grupo de estudo na formação continuada 

As professoras cursistas que iniciaram neste grupo, tinham o desejo de repensar o ensino da gramática e através deste  encontrar caminhos que contribuíssem e  as orientassem na  elaboração de um  planejamento que viesse contemplar o ensino da linguagem em consonância com a realidade dos alunos, somar os conteúdos do livro didático às vivências e cultura da escola. O professor é um constante pesquisador e a formação continuada, seja na Sala de Educador ( Projeto desenvolvido pela Seduc/MT) ou   no Grupo de Estudo, terá o propósito de encontrar respostas para as indagações e para o aprimoramento das  práticas pedagógicas.
 

[...] a formação continuada deve visar ao desenvolvimento das potencialidades profissionais de cada um, a que não é alheio o desenvolvimento de si próprio como pessoa. Ocorrendo na continuidade da formação inicial, deve desenrolar-se em estreita ligação com o desempenho da prática educativa (ALARCÃO, 1998, p. 106).
          

Temos hoje uma sociedade que exige do professor determinadas habilidades, competências e produtor de inovações, é preciso que o professor esteja preparado para colaborar com os alunos que são de uma geração de informações. Então é imprescindível que se invista  nesse profissional e garanta condições de estudo.  

[...] a formação do professor não se concretiza de uma só vez, é um processo. Não se produz apenas no interior de um grupo, nem se faz através de um curso, é o resultado de condições históricas. Faz parte necessária e intrínseca de uma realidade concreta determinada. Realidade essa que não pode ser tomada como uma coisa pronta, acabada, ou que se repete indefinidamente. É uma realidade que se faz no cotidiano. É um processo e como tal precisa ser pensado (FÁVERO, 1981, p. 17).           

O ensino da linguagem deve ser entendido como processo de interlocução, isto é, como processo ‘constitutivo de’ e ‘constituído por’ sujeitos (Geraldi, 1996). Assim, o aluno poderá ter oportunidade de falar, ser ouvido e compreendido. O grupo de estudo é o momento de entender o ensino da linguagem e contextualizá-lo, colaborar para que o aluno possa ampliar a leitura do texto. Paulo Freire (1992) nos falava da necessidade de aprender a fazer a leitura do mundo, não mecanicamente, mas vinculando  linguagem e realidade e usava o termo cosmovisão ao referir-se a esse alargamento do olhar.
As Orientações Curriculares de Mato Grosso relata: As linguagens são construídas historicamente, em situação de interação social, assim, o uso que fazemos delas no grupo de estudo também é fruto das  relações sociais. Assim através das trocas de experiência, percebemos que as nossas práticas estão em constante construção e neste momento podemos ressignificar o ensino da linguagem  e criar novas práticas, alencando a presença dos gêneros textuais.
Pensemos no ensino de gêneros textuais para além dos princípios básicos da Semântica Argumentativa e neste estudo, utilizamos a noção bakhtiniana de gênero, que se respalda numa concepção de língua em diálogo contínuo com a sociedade. Para Mikhail Bakhtin (2000), os gêneros são tipos relativamente estáveis de enunciados (orais ou escritos), situados nas relações mantidas pelos indivíduos, que refletem as condições e finalidades das várias esferas das atividades humanas, através de seu conteúdo, estilo e construção composicional.
O ensino de gêneros textuais que estão a nossa volta, faz-se relevante trazer para a sala de aula e permitir que o aluno associe o seu emprego no cotidiano, através da linguagem concreta. “A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam, e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua” ( Bakhtin, 1992, p. 282). Então percebemos ao longo dos estudos que no texto, o aluno se vê como o próprio autor, vivencia sua própria história.
Neste contexto histórico em que vivemos, deve-se ter um consenso por parte do professor de Língua Portuguesa em encontrar instrumentos de ensino contextualizado da leitura, escrita e gramática, para tornar as aulas como um verdadeiro acontecimento.
Esta formação continuada através de grupo de estudo vem ao encontro das nossas expectativas no ensino da linguagem, reconhecemos que ainda herdamos um ensino um tanto  fragmentado e um dos própositos deste estudo é reconhecer estas fragilidades e buscar estratégias de ensino que contemplem o aprendizado efetivo da oralidade e escrita.
Podemos observar na Escola Estadual Getúlio Dorneles Vargas, Ceja, pelos relatos da professora, os alunos jovens e adultos aprendem quando há interação da teoria e prática. São alunos que trazem uma vasta experiência de vida e então há relevância de se aproveitar estas experiências para a construção de novos conhecimentos. A linguagem está presente em suas vidas, no trabalho, no dia a dia  e esta em  conexão com a escola, tornando mais fácil a aprendizagem.
Os eixos temáticos já apontados nos PCN – oralidade, práticas de leitura, produção de textos escritos e análise linguística – constituem  norteadores de uma proposta interlocutiva de ensino. Essa organização permite o estudo dos aspectos linguístico-discursivos no trabalho com os textos verbais e não verbais, assim como a prática da análise linguística constitutiva de cada gênero discursivo. Essa prática da análise linguística decorre da leitura, seja  do texto fonte, seja do texto do estudante. Nestes dois casos, o objetivo é promover reflexão sobre o funcionamento da linguagem, que é  indispensável para o desenvolvimento da capacidade discursiva do estudante.
O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo [...] Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso. (BAKHTIN, 2006, p. 261).

O Grupo de Estudo tem este olhar, refletir sobre o ensino das linguagens e percebê-las com os alunos, pois a linguagem é dinâmica, ela se expressa através das brincadeiras, dos gestos, das músicas e do contato com a gêneros textuais. Citamos a experiência da professora da Escola Paulo Freire, realizou um trabalho com o gênero notícia,  resultando em um jornal na escola, obteve um resultado positivo e a  interação dos alunos, escola e comunidade.

Nesta perspectiva, acreditamos  que através da formação continuada de educadores, podemos construir espaços de construção coletiva, rodas de discussões e momentos de diagnosticar o papel do professor de Língua Portuguesa no espaço pedagógico, além de ampliar referenciais teóricos que subsidiará novas formas de aprender e ensinar.  

Conclusão 

            Diante dos  estudos e trocas de experiência obtidos deste trabalho, nós professores formadores e professores participantes,  pudemos  refletir sobre o  papel no ensino de Língua Portuguesa.  O desafio é constante e não se esgota, teremos momentos de reflexão durante todo ano de 2012, com a participação efetiva dos professores de Língua Portuguesa.
            Percebe-se que o resultado positivo deu-se pela colaboração de todos os professores que estiveram presentes no ano de 2011, relatando  as experiências adquiridas ao longo de sua carreira profissional e as adquiridas com estes estudos, puderam refletir sobre o ensino das linguagens contextualizando com a realidade do aluno, levando em conta o conhecimento dele e do grupo.
            Consideramos que este projeto é o início de um grande trabalho que será desenvolvido pelo  Cefapro de Primavera do Leste, fortalecendo e contribuindo para o conhecimento individual e coletivo dos professores da area de linguagem, pois sabemos que os conhecimentos trazidos da graduação não são suficientes, a educação é dinâmica e novas propostas são apresentadas pela secretaria de educação do estado de Mato Grossso  e então o Grupo de Estudo poderá colaborar para encontrar novas metodologias no ensino da Língua Portuguesa, vindo ao encontro de uma aprendizagem significativa, proporcionando novos saberes  aos professores desta area.
 

Referências 


ALARCÃO, I. Formação continuada como instrumento de profissionalização docente. In.: VEIGA, I. P. A. (org.). Caminhos da profissionalização do magistério. Campinas, SP: Papirus, 1998.

AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

BAGNO, Marcos. Dramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Loyola, 2000. 

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.  

______. Marxismo e Filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2000. 

______. Os gêneros do discurso. In: _. Estética da criação verbal.  4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. 

FÁVERO, M. de L. A formação do educador: desafios e perspectivas. Série estudos. Rio de Janeiro: PUC/RJ, 1981.  

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1992. 

GERALDI, João Wanderley. A aula como acontecimento. São Carlos: Pedro &            João Editores, 2010.  

GERALDI, João Wanderley. et al. (orgs.). O texto na sala de aula. 5 ed. São Paulo : Ática, 2011. 

MATO  GROSSO (Estado). Orientações Curriculares: Área de Linguagens - Educação Básica. Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. Cuiabá: Defanti, 2010.


[1]   Especialista em Educação no Ensino Superior. Professora Formadora de Língua Portuguesa. Email: .
[2]  Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado de Mato Grosso- CEFAPRO/PVA





 

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